quarta-feira, 1 de abril de 2009

Apocalipse 6.1-17 - Abertura dos Primeiros Seis Selos.

O ato principal do Apocalipse começa com esta visão. Iniciamos o cumprimento daquilo que João disse em Ap. 1.1 ("... para mostar aos Seus servos as coisas que brevemente devem considerar..."). Por detrás de toda a história está Deus em Cristo abrindo o livro selado dos feitos de Deus com relação aos homens. O selo é um sinal de propriedade e só um representante oficial pode abrir um selo. Cristo é o representante oficial de Deus para fazê-lo.

VV 1 e 2 O cavalo branco simboliza a vitória, a conquista, o militarismo para subjugar o inimigo (cavalos brancos sempre eram montados pelos conquistadores em suas marchas triunfais. Até hoje os Batalhões de Cavalaria dos Exércitos preferem os cavalos brancos para os seus desfiles militares comemorativos).
O cavaleiro simboliza um soldado persa usando o arco. Os persas ou partos naturais da Pérsia ou Pártia (Irã) eram os inimigos fidagais dos romanos. A vitória estava próxima. Roma poderosa e má não ficaria de pé para sempre (como realmente caiu fragorosamente).

VV 3 e 4 O cavalo vermelhor com oseu cavaleiro simbolizava a guerra, pois ela é o meio de se chegar a vitória. Não há vitória sem guerra, como hão há guerra sem derramamento de sangue através da revolta e luta interna causando uma revolução (matar-se uns aos outros).


VV 5 e 6 O cavalo preto agourento simboliza a fome, e a balança simboliza a escassez de gêneros alimentícios. Um denário era o preço de um dia de serviço de um operário e se comprava 12 litros de trigo e 24 litros de cevada. Cada soldado recebia a ração equivalente a um litro de trigo por dia. Um queniz de trigo por um denário, significa que a fome exigiria que um homem trabalhasse o dia inteiro para conseguir comida apenas para ele próprio.
A cevada era mais barata, três quenizes de cevada por um denário, propiciaria comida suficiente para uma família pequena. Na época de guerra os gêneros dobram ou triplicam de preço e desaparecem dos mercados por causa da ganância dos negociantes.
Em 92 d.C o Imperador Domiciano proibiu o plantio de novas vinhas na Itália, e que, nas províncias, a metade delas fosse arrrancada, para dar lugar ao plantio de outros tipos de cereais. Por isso Jesus disse: "e não danifiqueis o azeite e o vinho" para que não haja falta. A fome sempre vem na esteira da guerra.

VV 7 e 8 Aberto o quarto selo surge em cena uma figura hedionda. Um cavalo amarelo, pálido, uma cor esquisita entre o branco e o preto, cor de cadáver carregando um cavaleiro chamado Morte, seguido por um companheiro horrível chamado inferno (hades).
A sua horrível missão era limitada a um quarto da Terra para matar através da fome, peste e feras. João já conhecia tais horrores deixados por uma guerra através de Ezequiel 14.21.
A morte aqui não é uma morte natural ou acidental, e sim um ai de sofrimento e morte lenta de pestilência e fome.
Hades é uma nebulosa ou uma nuvem, é a região dos mortos (o homem ao morrer não vai para o Céu nem vai para o Inferno. Ele fica em um local - um plano celestial esperando Cristo voltar para separar).
Pode ser interpretado também como o tumúlo (cova, cemitério).
Depois da guerra e da fome vem a morte por vários meios e um deles é a peste horripilante e cruel. Embora seja um julgamento parcial (um quarto da Terra) consegue porém deixar forte impressão de horror através deste cavalo que tem a cor dos cadáveres, cavalgados pela Morte que tem atrás de sim o Túmulo que vai ruidosamente recolhendo os corpos que mata.

Tudo que já foi apresentado até aqui:conquista, guerra, fome e morte são forças de que Deus dispõe para destruir os opressores de Seu povo. Que os cristãos, pois, criem coragem porque a Causa de Cristo, de modo algum, está perdida.
Cristo, através do Seu Apóstolo, pretende retratar o poderio de Roma no momento, bem como mostrar todos os oturos poderes militares de algumas outras nações que farão com que haja conquista, revolta, fome e morte para derrotar o Império Romano.

Assim, haverá a Vitória Final de Cristo e de Seus santos (cristãos genuínos), cujo triunfo é através do sofrimento redentor.


VV 9-11 Até aqui vimos os meios pelos quais Deus pode exercer Seu julgamento. Agora, veremos a razão desse julgamento, pois quando o Cordeiro abre o Quinto Selo, o simbolismo muda.
Uma crença popular judaica dizia que as almas dos justos ficavam debaixo de um altar celestial. E agora João confirma isso ao ver as almas dos que foram mortos por causa da Palavra de Deus, que não são outros senão os mártires da perseguição de Domiciano. A pergunta dos mártires é um clamor, um pedido de vingança.
Os mártires se mostram impacientes ao pedir vingança a Deus. O homem sempre se lamentando e clamando, sempre expressando o seu espírito impaciente, o seu egocentrismo e algum desapontamento em relação a Deus (Salmos 6.3 - Isaías 6.11 - Jeremias 47.6 - Daniel 12.6 - Zacarias 1.12).
Isso porém acontece porque o homem não procura acertar o seu relógio com o relógio de Deus.
O clamor dos mártires é uma lembrança condicional, respeitosa e sutil de que Ele poderia levantar-se e vingá-los naquele momento, referindo-se ao que os incrédulos fizeram com os cristãos. As vestes brancas simbolizam a vitória e pureza e se lhes diz que tenham paciência e esperem pelos seus irmãos para que todos se juntem naquele grande Dia da Vitória Final (Dia do Juízo).

VV 12 a 17 A abertura do Sexto Selo desencadeou um terremoto que levou todo o universo físico a tremer como se fosse despedaçar-se. Todos os homens da Terra fugiram procurando lugar para se esconder, e gritaram sob a ira de Deus.
Tais sinais cósmicos, precedendo o fim, são mencionados desde o Velho Testamento (Isaías 24.3 - Isaías 2.12,19 - Isaías 13.9,10 e Joel 2.10). E mais recentemente, Jesus também alertou (Marcos 13.8,24).

O terremoto abala toda a Terra assinalando o começo do fim. Escuridão total como um tecido de pêlos negros de cabra (cilício), símbolo da lamentação.
O aspecto da lua sugere condições atmosféricas inusitadas, que tornam a lua vermelha e anunciam destruição. As estrelas caindo como figos verdes é sinal do universo sendo abalado (Isaías 34.4).
O Céu desaparece como se estivesse sido cortado ao meio e enrolado como um rolo (Isaías 34.4). Em adição ou somando-se ao colapsto celestial, as montanhas e ilhas imóveis da Terra desmoronam.
Esses "ais" sobrevêm indiscriminadamente a todas as classes sociais de pessoas que são mencionadas em grupos, incluindo poderosos e fracos, ricos e pobres, reis, chefes militares, ricos, pobres, poderesos, escravos, livres, grandes e pequenos.

Eles se esconderam em cavernas e rochas pedindo que avalanches os escondam do Juízo de Deus (Oséias 10.8 e Lucas 23.30). Preferiram ser esmagados pelos montes e rochedos do que ser arrastados à presença de um Deus irado.

Esta visão do Sexto Selo simboliza o Juízo Final e o poder destruidor de Deus contra os que rejeitam a Ele e ao Seu Plano de Salvação. Mas ainda não é o Verdadeiro Juízo Final, é apenas um "ai" preliminar. O Juízo Final mesmo, veremos em Ap. 20.11-15.


A ira do Cordeiro é um paradoxo (contradição), pois os cordeiros são mansos, porém não podemos esquecer que o Cordeiro do Apocalipse é também o Leão de Judá, o Messias e a figura de julgamento. Os que estão sob julgamento sentem a fúria ocasionada pela sua condenação, mas eles conspiraram para a morte do Cordeiro e de Seus seguidores. Agora estão enfrentando o julgamento.

O pecado torna o pecador alienado (apartado de Deus), inimigo de Deus e assim, ele não pode suportar a presença de Deus. Prefere ser soterrado pelos escombros do que enfrentar o Juízo Final diante de Deus. Se sente envergonhado, arrasado, sufocado.


Os homens pecadores inveterados procuram mascarar a realidade com máscaras humans de engano. Quando Deus vier para julgar e rasgar essas camuflagens, o homem sentirá o horror e o arrependimento (tardio) de ter rejeitado a Cristo.
Quem poderá subsistir: Presume-se que ninguém poderá. Mas João sabe que o povo de Deus poderá suportar o julgamento, conforme veremos no próximo capítulo.

Para meditar:

  • "O Senhor resgata a alma dos Seus servos, e nenhum dos que nEle confiam será condenado." (Salmos 34.22).
  • "Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos ímpios." (Salmos 37.16)