domingo, 15 de março de 2009

Apocalipse 4.1-11 - A Sala do Trono de Deus

Começa aqui no capítulo 4 a parte principal do Livro do Apocalipse, o "Drama da Redenção". Os três capítulos anteriores trataram da parte preparatória o que vem agora. O capítulo 1 mostrou Cristo falando com o apóstolo João, vivo e vitorioso. Nos capítulos 2 e 3 vimos o auditório (as Igrejas) que vai assistir agora o início da cena dramática.

Chegou a hora de fazer subir o pano e mostrar o palco preparado para o desenrolar do drama. Surgirão cenas que darão aos cristãos perseguidos a certeza de que a causa de Cristo em nada é uma causa perdida. Impressionante e bem forte será esse episódio, mas quando descer o pano ou cortina, no final da apresentação no capítulo 22.21, estará demonstrada a perfeita segurança da vitória.

Depois das visões do capítulo 1 e das Cartas às Sete Igrejas dos capítulos 2 e 3, João viu uma porta aberta no céu e Cristo o convida a encaminhar-se a um lugar mais alto.

O céu aqui se refere a abóbada celeste ou firmamento que cobre a Terra (para o pensamento cristão primitivo, o universo tinha três níveis: a Terra era uma planície chata, o céu ficava acima e o mundo subterrâneo ficava abaixo). As coisas que Jesus se refere, devem acontecer a partir do capítulo 6 com a abertura dos primeiros seis selos pelo Cordeiro de Deus.

VV 2 e 3 - Através da porta ou de uma cortina que se abriu, João viu Deus assentado no Seu trono. Os cristãos, atormentados como estavam, precisavam dessa certeza.

A pedra jaspe simboliza a pureza e santidade de Deus (a pedra jaspe é branca).

A pedra sardônica ou de sárdio simboliza a justiça de Deus (sardônica é uma pedra vermelha).

O arco-íris não é multicolorido e sim verde com a esmeralda, funciona como decoração da sala (o arco-íris simboliza a esperança ou graça conforme vemos em Gênesis 9.12-17). Os cientistas naturais procuram explicar a origem do arco-íris, no entanto não explicam a sua utilidade, porque não conhecem as Escrituras. Se não as conhecem, não conhecem a Deus e vão assim para o Inferno com toda a sua sabedoria científica. Já o indouto não sabe a origem do arco-íris, porém sabe porque ele aparece no céu, obedece a Deus e vai para o Céu, apesar de analfabeto.

Quando o sábio ou culto une o útil ao agradável (Deus e ciência), ele se torna uma bênção no Reino de Deus.

V.4 - Há divergências entre os estudiosos quanto ao significado dos 24 tronos ocupados por 24 anciãos (vamos interpretar anciãos como sendo Pastores, porém seria de bom alvitre que os irmãos procurassem tal vocábulo no Dicionário Bíblico ou em outra qualquer obra teológica séria para aprender as conotações que ela vem desempenhando desde os tempos primitivos dos hebreus). (Aproveito a oportunidade para dizer aos leitores que a Bíblia tem que estar ao seu lado para que as referências bíblicas sejam examinadas para uma melhor apreensão e compreensão.

Alguns dizem que os 24 tronos simbolizam os 12 patriarcas dos hebreus e os 12 apóstolos de Jesus, unindo os dois pactos feitos entre Deus e Seu povo (Velho Testamento + Novo Testamento), visto que o número 12 simboliza a Religião Organizada.

Outros acham que os 24 tronos simbolizam as 12 tribos de Israel, sendo dois anciãos para cada tribo; um por Israel e outro pela Igreja.

Outros ainda acham que os 24 tronos representam as 24 divisões sacerdotais dos filhos de Arão (I Crônicas 24.1-19).

Simpatizamos mais com a primeira simbologia (12 patriarcas + 12 apóstolos) mas não temos autoridade nem conhecimento suficientes para desprezar as outras interpretações. Contudo, uma coisa parece estar clara que os anciãos não são anjos, são homens e a simbologia deve seguir essa primeira constatação.

As coroas de ouro sobre as cabeças dos anciãos indicam reinado ao lado de Jesus (conforme está escrito em Mateus 19.28 e Lucas 22.30) para julgarem as 12 tribos de Israel no dia do Juízo Final (as 12 tribos de Israel simbolizam toda a humanidade).

Todo esse quadro simboliza conforto para os cristãos que estavam sendo perseguidos. Eles enfrentavam a morte nas mãos dos monstros romanos, porém depois dela, estavam salvos na presença de Deus (Mateus 19.28).

V.5 Os relâmpagos, vozes e trovões mostram a presença de Deus (Êxodo 19.16 Deus entregando a Lei a Moisés). As 7 lâmpadas e os 7 espíritos de Deus simbolizam o Espírito Santo.

Alguns estudiosos interpretam os relâmpagos, vozes e trovões como a presença e ira de Deus contra os inimigos da Cruz, prometendo vingança contra os inimigos dos 24 anciãos. Vemos então a soberania de Deus e a perfeita operação do Espírito Santo em Sua obra de iluminar e revelar aos homens as coisas divinas.

VV 6-11 Entre João e o Trono de Deus havia uma superfície nivelada com pedras cristalinas que parecia um mar de vidro onde incidia o clarão dos relâmpagos e do arco-íris iluminando todo o pavimento.

O mar de vidro impedia a chegada do homem perto do Trono de Deus, simbolizando a transcedência (superioridade de Deus em relação a criatura. No momento, os cristãos perseguidos estavam separados de Deus, no entanto não seria para sempre, pois em Ap. 21.1 está escrito "o mar não mais existe".

Os seres viventes eram serafins (anjos da primeira hierarquia) com rostos de animais. Os animais cheios de olhos simbolizam a soberania de Deus e Sua eterna vigilância a favor do Seu povo. Eles representam os atributos de Deus em defesa dos cristãos: bravura (leão), força (bezerro), inteligência (homem) e velocidade (águia).

Alguns estudiosos dizem que os 4 animais como símbolos da soberania de Deus sobre toda a vida animal: o leão representa os animais bravios, o bezerro representa os animais domésticos, o homem representa a humanidade e a águia representa os pássaros.

Com um par de asas mostram reverência (respeito), com outro mostram humildade e finalmente com o último obediência à ordem de Deus.

As coroas são dádivas de Deus e de modo bem apropriado elas são devolvidas a Deus em uma demonstração dramática de que os anciãos reconhecem a soberania de Deus.

A visão encoraja os obedientes e adverte o desobediente; descreve a magnificiência da majestade de Deus e da adoração de Suas criaturas; enfatiza a Santidade de Deus e a reação das criaturas, em adoração. Só Deus deve ser adorado e não o temporal e efêmero imperador romano, Domiciano.

Deus não está alheio ao sofrimento dos cristãos da Ásia Menor (e de todo o mundo de todos os tempos). Ele está no Seu Trono comandando a História. Os inimigos da Cruza de Cristo pode ranger os dentes contra Deus e contra o Seu povo que Ele continua firme, inabalável, soberado e vencedor. Amém!