A Carta é endereçada ao pastor da igreja e Cristo é o autor, identificado como “Aquele que tem a espada aguda de dois gumes”.
Pérgamo era uma cidade ilustre da Mísia, localizada a 24 km da costa do mar Egeu, voltada para a riqueza e à moda. Era o centro mais importante de culto ao imperador romano no oriente por causa do grande templo dedicado à deusa Roma e a Augusto, erigido em 29 a.C. Havia também outros templos dedicados a Zeus, Átena, Dionísio e Esculápio. Podemos dizer que ali fica o quartel general do inferno ou concília (assembléia de prelados que tratava de assuntos dogmáticos, doutrinário e disciplinares) encarregada da religião do Estado e das ofertas de incenso diante da imagem do imperador.
Esculápio era o “deus da cura” e na cidade ficava a sede de uma ordem de sacerdotes médicos cujo símbolo era uma serpente (é por isso que o símbolo da medicina é uma cobra). Cristo elogia a Igreja por sua fidelidade no meio de grandes provações, desde os tempos de Antipas (Antipas deve ter sido um dos pastores da igreja martirizado por ordem do imperador).
Jesus aqui se queixa da Igreja e a repreende porque estava omissa com relação a alguns membros ao permitir que permanecessem na membresia. Isso não pode acontecer, quem errar tem que ser chamado à responsabilidade. Caso se consertar diante de Deus, tudo bem. Se permanecer no erro, tem que ser excluído. Refiro-me às igrejas cristãs autênticas e cristalinas.
Balaão foi um profeta da Mesopotâmia (Babilônia), que foi subornado pelo rei dos moabitas, chamado Baraque. Em Números de 22 a 25 está toda a história de Balaão. Ele preferiu desfrutar dos lucros materiais em detrimento dos espirituais ao aconselhar Baraquel como seduzir Israel, fazendo-o cometer idolatria com Baal (deus pagão dos moabitas) e fornicação com as mulheres moabitas (Números 25.1-5).
Os nicolaitas estavam fazendo em Pérgamo o mesmo que os antigos hebreus fizeram em Moabe e por isso são comparados, por Jesus, a Balaão com sinônimo de falso profeta. Eles aconselhavam os irmãos que valia à pena cultuar o imperador e praticar a fornicação para se livrar das perseguições e dos confiscos.
Vemos uma exortação ao arrependimento, caso contrário, providências divinas seriam tomadas com a Espada.
Vemos também uma promessa dupla: maná e pedra branca. O maná representa o sustento espritual. Em Êxodo 16.32-34, Moisés ordenou que um pouco de maná fosse guardado na Arca da Aliança. Em 586 a.C quando o Templo de Jerusalém foi destruído pelos babilônios, criou-se uma lenda judaica que um anjo ou o profeta Jeremias escondera a Arca com o maná, que seria preservado até o Reino do Messias.
O simbolismo do maná foi substituído pela Árvore da Vida, porém ambos significam a mesma coisa, isto é, uma vida eterna sustentada por Deus.
Vamos ver agora o simbolismo da pedra branca. Pérgamo se ocupava do extrativismo de pedras brancas e as usava comercialmente até como dinheiro. Cada pedra tinha um valor e um nome escrito, um emprego, um significado.
Conferia-se uma pedra branca a um homem absolvido de um processo - todo cristão é absolvido por Deus em o nome de Jesus.
Conferia-se uma pedra branca a um atleta vencedor de corridas e de lutas que lhe permitia admissão à refeições grátis - o cristão que estiver com a sua pedra branca terá entrada franca no banquete celestial ao lado de Cristo.
Conferia-se uma pedra branca a um escravo liberto: o cristão não passa de um ex-escravo do pecado (e de Satanás) e agora está livre pelo sangue de Jesus.
Conferia-se uma pedra branca a um guerreiro vitorioso – o cristão é um soldado que está em batalha permanente contra o mal, no entanto, a guerra de muitas batalhas já foi ganha por Jesus na cruz. Portanto, o cristão, através do sacrifício de Jesus, já é vencedor.
Conferia-se uma pedra preta ao condenado. As pedras eram dadas pelos juízes que funcionavam como jurados de hoje em dia.
Enttendemos que a pedra branca simboliza a vitória final ou a admissão no Céu. Trata-se de uma promessa solene e sagrada feita a eles no desejo de incentivá-los à fidelidade.