sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Incerteza de João Batista a Respeito de Jesus – Mateus 11:2-19

Mesmo estando preso, João Batista se preocupava com o Reino de Deus, com o Messias, com Jesus Cristo e com o seu ministério. Tanto é que enviou dois dos seus discípulos para falar com o Mestre, perguntar a Ele se Ele era de fato Aquele que havia de vir.


João Batista havia proclamado a vinda do Reino dos Céus e havia visto a sua vinda em termos de Juízo, simbolizado por machado, pá e fogo (Mateus 3.2;10-12); bem como, por tê-lO batizado no Rio Jordão (Mateus 3.13-17).


A incerteza surgiu na mente de João Batista devido à espécie de ministério que Jesus estava realizando. Ele esperava que o Cristo agisse dramaticamente, destruindo os ímpios e vingando os justos. Os sinais da vitória trazida pelo Messias não era aparentes, pois ele estava na prisão, enquanto Herodes e Herodias estavam vivendo em luxo e poder (Mateus 14.1-12).


Os judesus, de modo geral, ainda não estavam preparados para receberem o Messias, pois eles queriam que Jesus agisse de acordo com os seus parâmetros, vontade e desejos. Se eles, que foram separados e doutrinados não estavam preparados, que outro povo poderia estar?


A humanidade cristã continua assim, quer que Deus se amolde aos seus caprichos, desejos, vontade e modo de vida.


Os zelotes esperavam um messias do tipo militar, e João Batista parece ter esperado pelo menos um homem mais militante do que os atos de Jesus pareciam expressar. Aparentemente, ele esperava que o Messias se envolvesse mais diretamente com o mundo ao seu redor. Pode ter-lhe parecido que Jesus estava assumindo um papel humilde demais. Foi exatamente nesse ponto que Pedro tropeçou e creio que muitos outros também (Mateus 16.21-23 e João 13.8).


A resposta estava exatamente onde João encontrara a pergunta... Nas obras de Cristo: visão aos cegos, força para os coxos, purificação para os leprosos, audição para os surdos e vida para os mortos e o Evangelho para os pobres (Lucas 4.18,19).


A intenção de Jesus era curar, purificar, restaurar, libertar e dar poder a todos os que recebessem a Salvação que Ele oferecia. É importante observar que Jesus fez da pregação do Evangelho aos pobres a sua obra prima, e não dos milagres.


Bem-aventurados são os que não se encandalizam com Jesus devido à natureza do seu ministério, isto é, aqueles que não tropeçam, não erram e não caem. Jesus declara bem-aventurados os que não tropeçam sobre o fato de o seu ministério ser o de servo, em vez do de um “conquistador” material. Até os apóstolos tropeçaram acerca do papel que Jesus declarou que vieram executar (Mateus 16.21-23) conforme já mencionei acima.


Jesus expôs para as multidões (as pessoas presentes) as limitações de João Batista, mas também lhe pagou grandes tributos ou elogios. Jesus falou de João: "Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele." Mateus 11.11


João representou um divisor entre uma era que se encerrava, e outra nova que começava.


João era um profeta e muito mais do que isso, ele era um Mensageiro anunciado em Malaquias 3.1 e 4.5 (“Eis que Eu envio o meu anjo, que preparará o caminho diante de mim...” “Eis que Eu vos enviou o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor”.


João se situava no fim de uma longa linhagem de profetas; não obstante, pertencia a uma era de promessa, e não de cumprimento. A nova era que Jesus trazia situava-se acima da era que estava passando com João.


“Por que saíste ao deserto?, para ver um caniço agitado pelo vento?” Jesus está defendendo João Batista contra qualquer suspeita de fraco e vacilante. Ele poderia estar confuso ou incerto, mas ninguém pode duvidar da sua coragem, dedicação e sinceridade.


A grandeza de João Batista é vista no fato dele se levantar no entrocamento das eras, contudo, o próprio Jesus está acima de João.


Os violentos tentam tomar o Reino de assalto, e fazê-lo servir aos seus propósitos e tentam obstrui-lo.


Os violentos seriam os zelotes e todos os ativistas que pensavam no Reino de Deus em termos políticos, e no papel do Messias realizando inclusive derrota do domínio romano, mediante a força militar. Os extremistas, através da revolta armada, procuravam precipitar a vinda messiânica e estabelecer o Reino de Deus. Os moderados se contentavam em esperar que Deus tomasse a iniciativa. Ambos os grupos esperavam um Reino que tomaria forma dentro de uma estrutura política. Jesus Cristo rejeitou positiva e repetidamente assumir este papel.


Os homens violentos são os que tentaram afastar as pessoas de Jesus, dizendo que a sua obra era de Satanás.


A dificuldade era grande para os judeus do tempo de Jesus identificarem Elias com um homem que estava na prisão, porque isso não correspondia às suas aspirações de liberdade e reconstrução nacional. Porém , eles tinham que estar dispostos a ouvir uma reinvidicação que contradiz as esperanças populares e nacionalistas.


A identificação de João Batista com Elias dever ser levada em conta seriamente, não literalmente, é claro, uma vez que são dois homens diferentes, mas João Batista cumpriu o papel associado com o nome de Elias (Mateus 17.12,13 e Malaquias 4.5)


O fato de João Batista ter negado que era Elias em João 1.21 não contradiz a declaração de Jesus em Mateus 11.14. João não confirmou por ter se recusado a tornar-se importante, pois o objetivo dele era abrir os caminhos do Senhor – “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (João 3.30)


Jesus comparou a sua geração a crianças desagradáveis (sistemáticas, inconformadas, temperamentais, difíceis, revoltadas, orgulhosas), que sempre acham defeitos nos outros. Acham ruim qualquer brincadeira proposta e se aceitam, ficam sentadas, esperando que as outras façam a parte mais cansativa ou mais pesada. Elas meramente tocaram as suas flautas, mas esperavam que as outras crianças dançassem ou cantassem lamentações, mas deixaram o choro (batendo o punho no peito) por conta de outras crianças. Quando as outras se recusaram a dançar ou chorar, as que tocavam flauta ou lamentações culparam-nas de estragar o brinquedo ou a brincadeira.


João foi criticado por ser severo e ascético demais (austero, penitente, irresponsável “não comendo nem bebendo”, isto é, tendo uma dieta alimentar simples. João Batista foi também acusado de ter demônio, isto é, de ser louco (“ele é louco” João 10.20).


Jesus foi acusado por razão oposta: porque veio comendo e bebendo. A acusação era exagerada, pois Jesus não era comilão nem bebedor de vinho. A comunhão à mesa com os excluídos, provavelmente, mais do que outra coisa, suscitou a ira dos fariseus.


“A sabedoria é justificada pelas suas obras” significa que a maneira de ser de Jesus é justificada pelos seus resultados. A sabedoria e a vontade de Deus trabalharam tanto através da severidade de João quanto da liberdade de Jesus.


“Esta geração” não se refere a todos os judeus de uma dada época. A palavra geração é sempre usada por Jesus em repreensão (exceto em Mateus 24.34 e Lucas 16.8 e referências paralelas). Nunca se refere a toda a raça judaica, mas especificamente àqueles a quem Jesus se dirigiu na época, como representante dela (Mateus 12.39, 41; 16.4 e 17.17).


Vemos em toda a Palavra de Deus e história da humanidade o inimigo se levantando contra o Reino de Deus. Usando as armas sujas e covardes da calúnia, da suspeita, das acusações sem razão, procurando de todas as maneiras calar aqueles que recebem de Deus a missão de anunciar a Salvação em Jesus Cristo.


Se você se encontra nesse momento em certo tipo de prisão, renegado a uma cela escura por aqueles que o atacam exatamente porque você está cumprindo a missão que o Senhor lhe confiou, não sou eu quem digo mais o próprio Senhor Jesus:

"Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo." João 16.33