V v - 10-14 Os judaizantes estavam reivindicando as bênçãos de Abraao com base nas obras da Lei, porém Paulo contra-ataca dizendo que TODOS QUANTOS SÃO DAS OBRAS DA LEI ESTÃO DEBAIXO DA MALDIÇÃO baseando em Deut. 27.26 que pronuncia maldição sobre todos os que não executam tudo o que a Lei requer.
Paulo diz que não há ninguém que preste à Lei obediência completa, requerida para escapar-se à sua maldição (Romanos 3.9 19, 23).
Pela Lei ninguém é justificado diante de Deus. Quem tem fé em Deus é fiel a Ele e isso não estava acontecendo com os judeus e por isso mesmo foi levado para a escravidão para aprender a obedecer a Deus.
Os conceitos de Paulo se baseiam no trinômio: justiça-fé-vida, isto é, o homem é justificado diante de Deus através da fé e ela é demonstrada através da fidelidade, da obediência, da dependência total de Deus, do testemunho ao cumprir os Mandamentos.
Lei e fé como bases para a justificação diante de Deus são exclusivas, pois a Lei se baseia em obras (Romanos 4.4,5). Novamente Paulo apela para a Escritura para o seu argumento: "o que fizer estas coisas, por elas viverá" Levitico 18.5)
A obra de Cristo se relaciona com a condição daqueles cuja desobediência à Lei os colocara sob a maldição dela (3:10). Cristo nos resgatou da maldição da Lei com o seu sangue. Paulo se dirige aos que procuram justificação diante de Deus mediante a obediência à Lei judaica. Cristo resgatou nem só os judeus e prosélitos mas também os gentios (3:14). "Eles também eram legalistas em matéria de religião, e Pauo considerava o legalismo como maldição, onde quer que o encontrasse" (legalistas são os que observam a Lei).
Cristo fez-se maldição por nós (II Coríntios 5.21). Novamente Paulo apela para a Escritura para descrever o horrível costume de dependurar numa árvore o corpo de um criminoso executado e mostrar que um homem enforcado era amadiçoado por Deus, então, Jesus tornou-se maldito em nosso lugar. Na morte que experimentou, Ele tomou sob Si mesmo a maldição da Lei (Deut. 21.23).
Jesus fez-se maldição para que a bênção de Abraão viesse aos gentios (Gênesis 12.3 e 3.8) e também para tornar disponível o Espírito pela fé para todos nós.
V v 15-18 - Qual a relação da Lei de Moisés com a Aliança de Deus com Abraão? Mais uma vez Paulo usa a Escritura para explicar aos judaizantes a prioridade da Aliança ou Promessa. A Aliança com Abraão antecede a Lei por mais de quatro séculos. A Lei não foi outogarda para emendar a Promessa, pois a Aliança tem seu cumprimento em Cristo.
Paulo dá um exemplo humano, isto é, uma ilustração da vida diária ("como homem falo"), o que é verdadeiro entre os homens nos seus acordos contratuais é ainda mais entre Deus e os homens. Uma vez escrito e confirmado um contrato pelos homens, ninguém anula, nem acrescenta coisa alguma.
A Abraão e a seu Descendente foram feitas as promessas (Gênesis 13.15 e 17.7, 8) falando da posse da Terra de Canaã. Ele insiste que a palavra "descendente" está no singular, ignorando o sentindo coletivo da palavra que ele mesmo reconhece em 3.29 e em 4.13-18 e 9.8.
Se os homens honram seus acordos, muito mais Deus ao fazer uma Aliança com Abraão e seu Descendente, e a ratificou, com a vinda do Senhor Jesus.
Os judaizantes consideravam a circuncisão como essencial para que alguém fosse incluído na comunidade da Aliança. Eles vivam na Lei a revelação final da vontade de Deus para o seu povo. Criam que Jesus era o Messias da esperança judaica, mas isto não removia a necessidade da circuncisão e da observância da Lei para herdar as bênçãos da promessa de Deus a Abraão.
Mas Paulo diz que a Lei e a Promessa (Aliança) são termos opostos ou com funções diferentes e tentar conjugá-los é entender ma o papel da Lei. Agora, Herança e Promessa se conjugam.
V. v 19 - 22 Até aqui Paulo tem colocado a Lei em uma posição negativa porque estava procurando refutar os erros dos judaizantes. Mas, a Lei tinha os seus méritos, e, sabendo disso, Paulo pergunta: "Logo, para que é a Lei?". Ela fora dada para especificar as transgressões até a vinda de Cristo (neste caso ela tinha uma condição provisória). Ela fora dada para preparar o povo de Deus para a vinda de Cristo (neste caso ela possuia uma função preparatória).
Antes da Lei, o pecado já estava no mundo, mas a transgressão não. A evidência do pecado se encontrava no fato de que a morte reinava durante esse período, embora nao fosse possível nenhuma transgressão como a de Adão. Pois não pode haver transgressão enquanto não for estabelecido um padrão que defina os limites (Romanos 4.15 e 5.13,14)).
A Lei torna claro o que é pecado, especificando as transgressões; neste sentido ela converte o pecado em transgressão, ela torna visíveis o pecado e o seu alcance, ea capacita os homens a reconhecerem a sua pecaminosidade (Romanos 3.20 e 7.7). O homem pode pecar por ignorância, mas transgride apenas quando tem um padrão reconhecido do que é reto, e foi para isso que a Lei foi introduzida.
No entanto, esta era apenas uma função interina da Lei. Ela devia continuar até que viesse o descedente a quem a promessa tinha sido feita.
Paulo se coloca contra os judaizantes, que consideravam a Lei como a perfeita e direta revelao de Deus. Paulo diz que ela foi ordenada por meio de anjos, pela mao de um mediador, obviamente Moisés.
(A tradição associando anjos com a outorga da Lei encontra-se na tradução, feita pela Septuaginta de Deut. 33.2 - Hb 2.2 e Atos 7.38, 53).
O difícil conceito pode ser que, embora a Lei tivesse sido mediada por Moisés como intermediário entre os anjos administradores e o povo que esperava ao pé do monte, a Aliança de Deus com Abraão havia sido dada diretamente; desta forma, ela é revelação superior à Lei.
Mesmo reconhecendo os méritos da Lei, há uma certa depreciação por parte de Paulo e para sanar ou ministrar tal insinuação, ele pergunta: "É a lei então contra as Promessas de Deus?" Em Romanos 3.31 a mesma preocupação é expressa, para que a exposição que ele faz da graça não destrua a Lei.
Ele procura mostrar a distorção do significado das passagens bíblicas da Lei, mostrando um falso pressuposto ("É a Lei contra as promessas de Deus?") e depois desfazendo as conclusões erradas (2.21b e 3.18a).
A premissa falsa: "Uma lei foi dada capaz de vivificar": A justiça é pela Lei.
A premissa verdadeira e conclusiva: Não foi dada nenhuma Lei que possa vivificar - a justificação não pode ser dada através da Lei. Ela vem pela fé.
A Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos que crêem; isto é, a Escritura aprisionou ou confinou todas as transgressões para que fossem resolvidas ou absolvidas por Cristo aos que crêem (Salmos 143:2 - Romanos 3;9-18 - Deut. 27:26).
Vv 23 a 29 - A fé já existia antes da Lei e também da vinda de Jesus (do jeito que está no v 23, alguém poderia pensar que a fé só apareceu com Jesus) (Hebreus 11.1,2).
Antes da vinda de Cristo, os judeus estavam sendo retidos em custódia pela Lei. Ela serviu para guiar ou levar os judeus até Cristo. Ela possuia várias conotações ou funções morais, educativas, espirituais, dependentes. Paulo não pensa em Cristo como Mestre e sim como Redentor; a vida cristã não é uma educação avançada, mas uma libertação da morte e uma entrada na vida.
Através de Jesus todos os homens podem se tornar filhos de Deus e não como ensinavam os judaizantes de que os gentios só podiam ser incorporados à comunidade da Aliança mediante a circuncisão e a lealdade à Lei. Batismo e revestimento de Cristo (da mesma forma como se veste uma roupa) são palavras sinônimas.
Os exclusivistas judeus sustentavam que o propósito de Deus ao criar os gentios foram providenciar combustível para o fogo do Inferno.
Não há homem nem mulher (Paulo cita homem e mulher porque há uma oração de agradecimento no Livro Judaico de Orações (vide oração abaixo), na qual a pessoa expressa gratidão a Deus por não ter nascido gentio, escravo e nem mulher). Ou seja, Paulo queria deixar claro que essa oração estava errada e que Deus não faz acepção de pessoas, a todos está estendida a graça de Deus, através do sacrifício de Jesus Cristo na cruz. No entanto, somente os que o aceitarem como único e suficiente Salvador desfrutarão da vida eterna com Ele, pois foram libertos do poder da morte.
(Oração do Rabi Jehuda
"Bendito seja Deus que não me fez gentio.
Bendito seja Deus que não me fez mulher.
Bendito seja Deus que não me fez ignorante.
Bendito seja Deus que não me fez gentio:
"porque todos os gentios são nada diante dele"(Jeremias 40,17)
Bendito seja Deus que não me fez mulher:
Porque a mulher não está obrigada a cumprir os mandamentos.
Bendito seja Deus que não me fez ignorante:
Porque o ignorante não se envergonha de pecar.)