terça-feira, 6 de outubro de 2009

Apocalipse 20:4-10 - Interpretação do Milênio


Alguns estudiosos acham que o Apocalipse revela todo o futuro da História (do Novo Testamente até a consumação da Era). Outros estudiosos acham que o Apocalipse revela a história da apostasia da Igreja Católica Romana (apostasia = abandono da fé).

Há ainda outros que nada acham no Apocalipse de valor permanente e o encaram como um apanhado de mitos primitivos cristãos sem nenhum significado para os nossos dias.

Para alguns ouros o Apocalipse trata de certos princípios sobre o modo pelo qual Deus lida com os homens através dos séculos.

Finalmente, outro grupo de estudiosos tem tentado descobrir o significado que tinha o Apocalipse quando foi escrito. Fazendo um paralelo daquele significado com o de hoje em dia de aplicação prática.

Todas essas tendências de pensamentos deram origem a determinados grupos de estudiosos que veremos a seguir:

1) Método de Interpretação Futurista - os defensores deste método encaram o Apocalipse como quase que totalmente escatológico (o fim da Era - a vinda do Senhor - o Reino do Milênio - a soltura de Satã - a segunda ressurreição e o Juízo Final). Isso do capítulo 4 ao 19. A maior parte dos defensores desse Método são literalistas. Escatologia é a ciência que estuda os final dos tempos.


Para eles não haverá Juízo Final com a vinda de Cristo e sim depois do reinado dEle por mil anos com os santos, que serão os crentes ressurretos assim que Cristo voltar. Eles crêem na vinda de um anti-Cristo pessoal que simboliza "o homem do pecado" de II Tessalonicenses capítulo 3.

Esse grupo acha que a Besta do Apocalipse é uma pessoa secular e má ou um chefe eclesiástico que estará no poder nos últimos dias.

Eles dizem que Jesus veio estabelecer o Milênio (Império Político Judaico Dominador do Mundo Inteiro), porém como os judeus o rejeitaram, o Milênio foi adiado para começar com a segunda vinda de Cristo. A Igreja foi introduzida como um parênteses e precisa ser arrebatada para que Deus e Jesus possam operar com o povo de Israel por mil anos.

Eles dividem a história bíblica em Sete Dispensações (Pacto, Tratados):


1 - O homem no estado de inocência - (Adão no Paraíso).

2 - O homem sob a consciência - (da expulsão do Paraíso até o dilúvio).


3 - O homem com autoridade - (do dilúvio até a confusão das línguas).


4 - O homem sob a promessa - (da confusão das línguas até a escravidão do Egito).

5 - O homem sob a Lei - (da escravidão do Egito até a crucificação).


6 - O homem sob a Graça - (da crucificação até a volta de Cristo).


7 - O homem sob o reino pessoal de Cristo - (o Milênio).

Após o Milênio começará o reino eterno em um novo céu e em uma nova terra.


2) Método de Interpretação Preterista - Esse método é praticamente oposto ao método futurista. A palavra preterista vem de pretérito que significa passado.

Os preteristas afirmam que todo o Apocalipse já se cumpriu nos dias do Império Romano.
Há dois grupos de preteristas: da direita e o da esquerda. A ala direita acha que o Apocalipse é literatura inspirada por Deus e que a maior parte do livro já foi cumprida na época do imperador Domiciano.

A ala esquerda acha que o Apocalipse não é literatura inspirada por Deus e só tem valor literário, como qualquer outra obra do tipo apocalíptico.

Ambas as alas acham que todas as profecias esctológicas já foram cumpridas (Daniel, Ezequiel, Apocalipse). As profecias do Apocalipse foram quase todas cumpridas nos primeiros séculos da era cristã, conflito entre o Império Romano pagão e o cristianismo.

O Apocalipse serviu para encorajar os cristãos nos dias da perseguição na Ásia Menor. O Juízo Final ainda aguarda cumprimento.

Eles dizem que o Milênio começou com a vinda de Jesus. Ele já cumpriu o Seu ministério (Mateus 28.18). Os mil anos do Apocalipse 20.2-4 simbolizam um período inciado por Jesus que fundou um reino espiritual aqui e que jamais será destruído - Daniel 2.35,44 - do qual as Igrejas são agências promotoras.

O Reino será consumado com a Sua segunda vinda, que será o fim do mundo. Por não crerem em um Milênio futuro, mas em andamento, são chamados de AMILENISTAS e como interpretam o Apocalipse simbolicamente, são chamados de SIMBOLISTAS.

3) Método da Continuidade Histórica (Método Contínuo + Método Histórico) - Esse método encara o Apocalipse como um prenúncio da História da Igreja por meio de símbolos. Acha que o Apocalipse profetiza em pormenores a apostasia da Igreja Católica Romana. Alguns defensores desse método são: Lutero, Wycliffe, Carroll, Fox, Alberto Barnes.


4) Método da Formação Histórica - Esse método sustenta que o autor do Apocalipse visou encorajar e edificar os cristãos de seus próprios dias.


5) Método da Filosofia da História - Esse método divorcia quase que completamente o Apocalipse da sua formação histórica. Seus defensores acham que o Livro nos revela princípios básicos empregados por Deus para lidar com todos os homens de todas as épocas.
Em geral, há três interpretação principais: pré-milenismo, pós-milenismo e não-milenismo ou amilenismo.

Os pré-milenistas ou futuristas crêem que Cristo voltará antes do Milênio, baseados no que a Bíblia diz literalmente. Cristo reinará na Terra (provavelmente em Jerusalém) por mil anos literais. As promessas feitas a Israel serão cumpridas. Este ponto de vista é judaísta quanto ao seu aspecto pois tem uma provisão especial para os judeus.

Muitas opiniões aparecem dentro do pré-milenismo, mas todas elas laboram sob a tarefa de colocar Cristo no Trono de um reino terrestre, como aquele que Ele rejeitou durante a Sua vida terrena.

Os pós-milenistas esperam a volta de Cristo depois do Milênio. Esperam mil anos de paz e justiça precedendo a volta de Cristo. Esta opinião floresceu no clima otimista da teologia liberal em que o Reino de Deus parecia estar vindo em resposta à justiça do hoem, mas as duas guerras mundiais e a degradação do século simplesmente destruiram esta opinião.

Os amilenistas (preteristas ou simbolistas) entendem que o Milênio designa o reinado de Cristo em sentido espiritual. Aceitam a volta de Cristo, aceitam o Juiízo e a ressurreição dos mortos, porém não aceitam um reinado literal de Cristo na Terra. Muitos deles acham que o reinado de Cristo começou na Sua vida e ressurreição. A volta de Cristo poderia acontecer a qualquer momento. Somente uma ressurreição e um juízo marcarão o fim da História.

Eles não aceitam um reinado interino entre a História e a eternidade.
O reino temporário de mil anos parece ter originado-se da esperança profética do Velho Testamento, que insistia em dizer que Deus estabeleceria o Seu reino na Terra. Os profetas esperavam que Deus julgasse o mal em Seu mundo no Dia do Senhor. Deus viria e estabeleceria o Seu Reino na Terra. Desenvolvendo o pensamento messiânico, ele tornou-se relacionado com o Dia do Senhor.

O pensamento apocalíptico acrescentou a idéia de que o mundo era tão mau que o Reino de Deus precisaria irromper de fora para dentro. Esse conflito levou à idéia de um reinado temporário, antes do reino final de Deus.


Várias obras não-bíblicas (apócrifas) do período do Novo Testamento lançam alguma luz sobre o assunto:


II Esdras (IV Esdras) 7:26-30 fala de um reino messiânico temporário de 400 anos em que o Messias reina. Depois de 400 anos, Ele morre, em seguida a um período de 7 dias de silêncio, acontece uma ressurreição.


II Enoque 32:2 - 33:2 - Uma visão apocalíptica do mundo atual apresenta um esquema de história em que o tempo é dividido em períodos de mil anos cada um. O oitavo período de mil anos é a época eterna. Embora não se mencione nenhum messias, o sétimo período pode ter sido paralelo ao reinado messiânico milenar.

II Baruque 39 e 40 fala de um messias que será revelado no fim do último reino de uma série de quatro. O quarto período é notório pela iniquidade. O Messias julgará o Mal e reinará enquanto a corrupção durar na Terra.


Muitas passagens no Novo Testamento falam da volta de Cristo, porém não devemos confundir esta esperança com a esperança milenar. Elas não são a mesma coisa. Só uma delas sugere um interregno (intervalo entre dois reinados) na Terra (I Coríntios 15:23-28).

Cristo entregará o reino a Deus, depois de estabelecer soberania sobre todas as coisas, mas isso pode não se um interregno.
As outras passagens falam da volta, ressurreição e juízo de Cristo, mas nunca aludem a qualquer tipo de Milênio (Marcos 13 - I Ts. 4.13-18 - II Tx 2:1-12 e II Pedro 3:1-12).

A expressão MIL ANOS pode simbolizar simplesmente COMPLEMENTAÇÃO ou PERFEIÇÃO, no Apocalipse.

No Salmo 90:4, mil anos para Deus são apenas como o dia de ontem.

Em II Pedro 3:8, mil anos para Deus são como um dia.

Sendo assim, OS MIL ANOS é o reinado do Messias, indefinidamente longo.