quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Apocalipse 18:1-24 - Anúncio no Céu da Queda de Roma


O Mensageiro ou Anjo desceu do Céu com autoridade e brilho. Brilhava porque estivera recentemente na presença de Deus e agora refletia parte do esplendor de Deus para a Terra (Ezequiel 43.2). Os filhos de Deus demonstram sempre no rosto o brilho do Senhor Deus, sempre alegres, calmos, educados, solícitos, sóbrios, prontos para servir, embor sofrendo tribulações, perseguições, calúnias, difamações, apertos e todas as coisas inerentes aos seres humanos.

Babilônia continua sendo o símbolo para Roma (Isaías 21.9). João está tão certo de sua predição que declara a queda como se fosse um fato já consumado. O local será abandonado pelos homens, e será habitação de demônios e guarida de todo espírito imundo e de ave detestável (Isaías 13:21, 22).

Três acusações pesam contra Roma e justificam a sua queda e ruína: 1) Roma seduzira as nações, levando-as a beberem do seu vinho; 2) Roma seduzira os reis da Terra, levando-os à fornicação ou idolatria (Apocalipse 17:2 e 3). Roma gerou explosão econômica pois ela era amante de luxo, encorajava a ascensão de sua classe mercantil, cujos componentes se enriqueceram às expensas dos povos do mundo. v v 1-3.

Os cristãos são chamados para fora da cidade por uma voz não identificada, porém a expressão "povo meu" sugere que é Deus quem está falando.

Deus está frequentemente chamando o Seu povo para sair. Às vezes, a chamada tem conotação literal como em Gênesis 12.1 e às vezes simboliza o afastamento do mundo como em Efésios 5.7-11. João quer dizer, os cristãos devem viver em relacionamento correto com Deus, e não devem render-se à Roma.

Vamos ver as razões pelas quais João manda os cristãos sair de Roma em atenção à voz de Deus:

1) Perigo de serem participantes, pois a cultura da Grande Cidade tem encanto fascinador.

2) Se participarem dos pecados, estão automaticamente sujeitos às pragas.

3) Roma havia acumulado um montão de pecados. Quando se compra ações da Grande Cidade, está sujeito a lucros e perdas (Roma só poderia oferecer perdas espirituais).

4) Deus perdoa e esquece os pecados dos que se arrependem. Porém Ele lembra das iniquidades dos que não o fazem. Elas clamam como o sangue de Abel. Deus não pode ignorar o pecado, o castigo é inevitável. v v 4-5

O Castigo de Roma é coerente com o seu pecado. O Juízo de Deus é justo; ele é medido com base no que o acusado fez (Jeremias 50.15, 29 e 51:24.56).

O pagamento em dobro pelas obras não é uma severidade arbitrária; pecados como o de perseguir os cristãos têm uma seriedade cumulativa; resultam em outros pecados e sofrimentos; multiplicam os seus efeitos nocivos.

O beber... em dobro baseia-se no fato de que Roma havia embebedado as nações e agora recebe o mesmo castigo (Apocalipse 14:8.10).

Explicação para o castigo de Roma:

1 - Ela se gloriou.
2 - Ela dizia ser uma rainha auto-suficiente, suprema até em relação ao futuro.
3 - O Senhor Jesus é o Juiz de todos.

O amor desordenado do EU resulta em insubordinação contra Deus; é orgulho. Sendo o homem criatura de Deus tem a obrigação de glorificar a Deus e não a ele próprio. Gloriar-se a sim próprio é um pecado terrível. Roma enamorou-se de si mesma, enquanto esteve em delícias; merecia tormento e pranto (Isaías 47;5-11).

A sua completa destruição virá subitamente num mesmo dia. Roma, em todo o seu poder, está nua e sozinha diante de Deus, para responder pelos seus atos. v v 6-8.

Os que mais se beneficiaram através dos contratos com Roma foram os reis aliados, os mercadores e marinheiros. Por isso se lamentam com a sua súbita queda. Independente de sua motivação de lucro, eles deixam trair-se por um profundo amor por ela.

Os reis da Terra não são os partos ou os dez chifres de Ap. 17.14 que destroem Roma. Eles são os reis que havaim se juntado a ela e participado de sua grandeza às expensas da integridade deles próprios.

Eles amavam ao luxo tal qual Roma e assim se prostituiram com ela. Seu lamento por causa dela era genuíno; ironicamente eles se colocaram à distância dela vendo a sua queda. Ela foi abandonada pelos seus amantes adúlteros, na solidão de seu julgamento. De longe e com muito medo, os reis notam que toda a sua grandeza desmoronara numa só hora, que é o período de tempo dado aos reis que fazem guerra contra o Cordeiro (Ap. 17.12-14). A lamentação dos reis deve ser comparada à dos príncipes que se lamentaram pela queda de Tiro (Ezequiel 26.15-18). v v 9 e 10.

v 10 Roma era a capital comercial do mundo. Seus navios mercantes traziam bens de todas as partes do mundo conhecido.

A antiga Tiro havia sido a intermediária do mundo mediterrâneo. Ezequiel 27 fala isso ou disso. O porto romano de Óstia era um dos maiores centros comerciais da História.

Os mercadores da terra ou negociantes também eram desalmados pois choraram apenas porque ninguém comprava mais as suas mercadorias. Almas de homens eram os escravos trazidos juntamente com os animais. A desumanização moderna ou atual é econômica, política, militar e religiosa; como era em Roma.

O fruto que amadurece no final do verão ou começo do outono se foi. As coisas delicadas (alimentos delicados e ricos) e as suntuosas (vestes esplendoroasa e móveis caros) que chegavam a Roma como resultado das suas conquistas e sua política nacional já não existem mais.

As suas esperanças se foram para sempre, e nunca mais se acharão. Os reis da Terra reconheceram a queda de Roma como julgamento, porém os mercadores desprezaram qualquer significado; eles vêem apenas riquezas que foram assoladas. v v 11a.

Os pilotos eram os capitães que comandavam os navios. Marinheiros formam a tripulação do navio e os que navegam são os tripulantes, negociantes, turistas; passageiros de um modo geral.

Os viajantes do mar ficaram muito tristes (pó sobre as cabeças são cinzas como sinônimos de tristeza (Ezequiel 27.29-34).

O julgamento de Roma (v 20) está redigido de forma a dar entender que os marinheiros se dirigem às hostes de Deus com o anúncio do julgamento divino. Os intérpretes questionam com que base os marinheiros podiam dirigir-se ao Céu, aos santos e apóstolso e profetas com uma tal interpretação teológica. Entendemos que foi o Anjo que proferiu o versículo 20 e não os marinheiros.

Diz-se aos fiéis de Deus para se regozijarem, no entanto, não porque Roma caiu, mas porque Deus declarou o Seu julgamento contra Roma, e vindicou, justificou, a causa dos fiéis. v v 17 a 20.
Um anjo forte (veja Ap. 5.2 e 10.2) lançou uma grande pedra ao mar, simbolizando a subitaneidade e finalidade da queda (veja Jeremias 51.63. Este ato está aludindo à declaração de Jesus a respeito do julgamento de alguém que faça tropeçar um desses pequeninos (Lucas 17.2).

A Queda de Roma é retratada de maneira profundamente comovente por quatro termos: violência, permanência, silêncio e trevas.

A violência significa ímpeto intenso; a permanência sugere que ela NUNCA MAIS SERÁ ACHADA; silêncio e trevas simbolizam uma cidade caída, sem música, sem som. Um silêncio sepulcral e surdo, uma cidade solitária, calada, escura.

João escolheu a ausência de três sons; música, som de artífice trabalhando e voz de noivo e noiva.
A ausência de música é sinônimo de desolação total. A música do som das serras e dos martelos construindo casas e tudo mais. Depois da queda tais sons não serão mais ouvidos. Haverá somente o silêncio mortal da cidade caída, da cidade fantasma.

Em uma cidade viva e ativa ouve-se as vozes alegres das festas de casamento; na Roma caída essas vozes alegres não mais serão ouvidas.
As luzes das casas e das ruas embelezam a cidade, dão o seu encanto e amabilidade. Roma se vestirá de trevas como um "black-out" durante uma guerra. A desolação será total; os sons de artes, ofícios e de famílias já não são ouvidos; a sala de concertos, a oficina do ferreiro e a igreja estão silenciosos; os sons de alegria, de trabalho e de atividade no lar não mais se ouvem. (comentário Bíblico de Broadman).

O anjo termina a justificação pela queda de Roma com três razões:

1 - Roma usou o seu poder sobre o mundo para a sua própria exaltação.

2 -Enganou as nações com ou por feitiçarias ou magia negra, significando idolatria.

3 - Por ter matado os profetas e santos, o sangue deles clamava a Deus. Os cristãos haviam sido ensinados a suportar e não revidar.
Roma confundira amor com fraqueza.

A nação que mata os seus profetas e santos está conspirando a sua própria ruína.